O duplo propósito de Deus - Segunda Vinda

"E eles, respondendo, disseram: "É réu de morte.
"Então cuspiram-Lhe no rosto e lhe davam punhadas, e outros O esbofeteavam" (Mt. 26:66-67).
"Seja crucificado... O Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos" (Mt. 27:23-25).
"E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e em Sua mão direita uma cana; e, ajoelhando diante d’Ele, O escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus.
"E, cuspindo n’Ele, tiraram-Lhe a cana, e batiam-Lhe com ela na cabeça.
"E, depois de O haverem escarnecido, tiraram-Lhe a capa, vestiram-Lhe as Suas vestes e O levaram para ser crucificado" (Mt. 27:29-31).
"E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali O crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda" (Lc. 23:33).
Assim lidaram os homens cruéis com o bendito Filho de Deus, que tinha vindo do céu para um mundo amaldiçoado pelo pecado, não para lhes fazer mal, mas bem.
"Estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele, e o mundo não O conheceu.
"Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam" (Jo. 1:10-11).
Não é pois de admirar que Davi tenha profetizado do Cristo vindouro:
"Disse o Senhor ao Meu Senhor: Assenta-Te à Minha mão direita, até que ponha os Teus inimigos por escabelo dos Teus pés" (Sl. 110:1).
Não espanta lermos nos profetas que Deus tenha un conflito com as nações e até mesmo com a nação favorita.
Contudo Deus não visitou imediatamente com juízo os que rejeitaram o Seu Filho.
O Crucificado, mesmo na agonia do Seu sofrimento, clamou:
"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc. 23:34).
O Pai ouviu a oração, pois em Pentecostes o Espírito veio e encheu os crentes dando-lhes poder para chamarem Israel ao arrependimento, oferecendo à nação a vinda de Cristo e o muito prometido "tempo do refrigério" (Veja Act. 2 e 3).
Mas, quando chegamos a Act. 7 encontramos Estêvão (sob julgamento por pregar a Cristo) a olhar para o céu e a exclamar:
"Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está EM PÉ à mão direita de Deus" (At. 7:56).
Na rejeição do Senhor por Israel, o Pai tinha-lhe dito:
"ASSENTA-TE à minha mão direita, ATÉ QUE PONHA OS TEUS INIMIGOS POR ESCABELO DOS TEUS PÉS" (Sl. 110:1).
Portanto, quando o cálice da iniquidade estivesse cheio, o Filho rejeitado e o Seu Pai iriam levantar-se em juízo, e pelo jeito esse tempo agora tinha chegado, pois Estêvão viu o Senhor em pé à mão direita de Deus. Não há dúvida que o único remédio agora era o juízo; que a oração profética: "Levanta-te Senhor, na Tua ira" (Sl. 7:6) estava a ser cumprida. Os Seus inimigos teriam de ser subjugados e pisados. Eles tinham declarado guerra à Divindade.
"Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos se mancomunam contra o Senhor e contra o Seu Ungido, dizendo:
"Rompamos as Suas ataduras, e sacudamos de nós as Suas cordas.
"AQUELE QUE HABITA NOS CÉUS SE RIRÁ; O SENHOR ZOMBARÁ DELES.
"ENTÃO LHES FALARÁ NA SUA IRA, E NO SEU FUROR OS CONFUNDIRÁ" (Sl. 2:2-5).
Isto, no que diz respeito à profecia, é a resposta de Deus à rejeição de Cristo por parte do homem.
Mas a coisa mais surpreendente é que, quase dois mil anos já se passaram desde que tudo isto aconteceu, e o julgamento ainda não veio. Há mais de mil e novecentos anos atrás, o bendito Filho de Deus partiu deste mundo como um exilado e nestes mil e novecentos anos a atitude da raça humana para com Ele não mudou – e Deus ainda não fez nada sobre isto.
Mas Ele fará.
Este mundo mau certamente será punido pelos seus pecados. O Senhor voltará do Seu Exílio Real, de acordo com a profecia, para " julga[r] e peleja[r] com justiça", e reinar, não apenas como "Rei dos judeus", mas como "Rei dos reis e Senhor dos senhores."
A única explicação para a longa demora reside na infinita graça de Deus, revelada no "mistério", no maravilhoso segredo dado a Paulo por revelação divina. E o mistério, tanto quanto a profecia, está relacionado com a vinda de nosso Senhor.
Como na encarnação, na crucificação, na ressurreição e na ascensão, também na vinda de Cristo, Deus tinha um propósito duplo. De facto, a Sua vinda é uma sucessão de dois eventos, porque antes de realmente voltar à terra para julgar e reinar, o Senhor descerá aos "ares" para arrebatar os Seus. A primeira etapa de Sua vinda tem sido chamada de "o arrebatamento" (do Corpo), e a outra, "a revelação" (de Cristo). Uma está relacionada com os membros de Seu Corpo; a outra com Israel e as nações.
Três Palavras
Existe uma grande confusão a respeito das três palavras gregas principalmente usadas em relação à vinda de Cristo (apokalupsis, parousia e epiphaneia), simplesmente porque alguns supõem que estas palavras têm obrigatoriamente de referir-se ou ao arrebatamento ou à revelação.
É verdade que "apokalupsis" (desvendar ou descobrir) é usada principalmente na manifestação de nosso Senhor ao mundo inteiro, mas Ele não será manifestado aos Seus no arrebatamento? Paulo fala dos crentes de Corinto como "esperando a manifestação (apokalupsis) de nosso Senhor Jesus Cristo" (I Co. 1:7).
"Parousia" (um ser ao lado de, ou uma presença pessoal) é muito naturalmente usada na vinda do Senhor de uma maneira geral. Paulo usa-a na Sua "vinda" para arrebatar os Seus (I Ts. 4:15), enquanto que Pedro usa a mesma palavra para a Sua "virtude e a vinda", i.e., para reinar na terra (II Pe. 1:16).
Quanto à palavra "epiphaneia" (aparecer), apenas Paulo usa esta palavra, mas surpreenderá a alguns que ele a empregue de uma maneira tão geral. Ela é usada até para referir o aparecimento de Cristo que já é passado, pois ele escreve sobre a mensagem agora tornada manifesta "pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo" (II Tm. 1:10). Além disso, ele usa a palavra para o aparecimento que devemos estar "aguardando" (Tt. 2:13) e de um modo geral, do aparecimento, em que Deus mostrará "o bem-aventurado, e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores" (I Tm. 6:14-15).
Vamos ter o cuidado, então, de não impor sentidos específicos às palavras gerais. Por exemplo, se "parousia" significa simplesmente vinda, então não podemos insistir que se refere a uma vinda específica. As três palavras mencionadas acima podem referir-se ao arrebatamento, à revelação ou ambos e terá de ser o contexto o factor decisivo.
O que precisamos de ver claramente é que a vinda de Cristo à terra para reinar é o tema da profecia e da mensagem que foi pregada por Pedro e os doze, enquanto que a Sua descida para arrebatar os Seus "nos ares" é uma parte do mistério revelado a e por meio de Paulo.
A VINDA DE CRISTO E A PROFECIA
As Escrituras do Velho Testamento
A profecia do Velho Testamento não tem nada a dizer sobre crentes serem "arrebatados" na vinda de Cristo. Em vez disso, lemos que o Messias virá e reedificará "o tabernáculo de Davi, que está caído" (At. 15:16; Am. 9:11). Lemos que Ele "de repente virá ao seu templo" (Ml. 3:1). Lemos que "estarão os Seus pés sobre o monte das Oliveiras" (Zc. 14:4). Lemos que "o Senhor será sobre toda a terra" (Zc. 14:9), mas nenhuma palavra lemos sobre o Seu povo ser arrebatado ao céu.
Os Registo Dos Evangelhos
Nos evangelhos acontece o mesmo, porque o tema ali é o reino profetizado no Velho Testamento.
Os doze apóstolos são instruídos para orar por este reino (Mt. 6:10), a proclamá-lo e a praticá-lo (Mt. 10:8-10).
Tendo já recebido a promessa dos doze tronos para reinarem com Cristo no reino, são-lhes dados certos sinais pelos quais a proximidade da Sua vinda pode ser determinada. O aparecimento destes sinais, deve levá-los a esperar a Sua vinda. (Veja Lc. 21:25-28).
"Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, OLHAI PARA CIMA e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima" (v. 28).
Esta vinda profetizada de Cristo acontecerá "imediatamente após a tribulação", e será visível a todos.
"Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem.
"Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias.
"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória" (Mt. 24:27-30).
Existem muitos que acham que Jo. 14:3 fala do arrebatamento. Eles argumentam que uma vez que o Evangelho de João foi aparentemente escrito depois das epístolas de Paulo, ele devia ter conhecido o mistério revelado através de Paulo em I Co. 15:51-52. Mas João (em Jo. 14) regista meramente o que o nosso Senhor disse aos Seus apóstolos quando ainda estava na terra e isto concorda e tem de concordar com o que Ele disse a estes mesmos apóstolos o tempo todo sobre a Sua vinda para reinar como Rei.
Citamos do nosso capítulo sobre a Ascensão:
"Estas palavras ainda são interpretadas por muitos significando que de alguma maneira o Senhor ascendido está agora a preparar mansões no céu para o Seu povo morar e que quando estas mansões estiverem prontas Ele voltará a fim de arrebatá-los-á aos céus para esses lugares que lhes preparou. E nisto acreditam milhares de Fundamentalistas Pré-milenistas.
”Mas os nossos irmãos Pré-milenistas têm-se esquecido de que o arrebatamento do Corpo trata-se de um mistério que foi revelado apenas anos depois através de Paulo (I Co. 15:51-52)? O nosso Senhor não disse nada aos Seus discípulos sobre esta presente dispensação da graça ou sobre o arrebatamento da Igreja desta dispensação. Ele preparou-os para a grande tribulação e a Sua vinda à terra para reinar com eles ...
“É verdade que Ele os impeliu a ajuntar tesouros no céu, Ele exortou-os a confiar no seu Pai no céu, Ele prometeu enviar o Espírito do céu, Ele foi para o céu para "tomar para Si um reino" e para eles, mas Ele não fez nenhuma promessa de os levar para lá ...
”Quando o nosso Senhor voltar à terra em glória, Ele não Se esquecerá da Sua promessa aos doze apóstolos. Ao voltar como disse, Ele recebê-los-á na glória da ressurreição e reinará com eles."
O Livro Dos Actos
Assim que abrimos o livro dos Atos encontramos os apóstolos com Cristo no monte das Oliveiras, quando, para a surpresa deles, Ele é "elevado às alturas, e uma nuvem O recebeu, ocultando-O a seus olhos" (Act. 1:9).
Enquanto estavam a olhar para o céu, dois homens resplandecentes apareceram-lhes:
"Os quais lhes disseram: Varões galileus, POR QUE ESTAIS OLHANDO PARA O CÉU? ESSE JESUS, QUE DENTRE VÓS FOI RECEBIDO EM CIMA NO CÉU, HÁ DE VIR ASSIM COMO PARA O CÉU O VISTES IR" (ACT. 1:11).
A isto poderíamos acrescentar que, de acordo com Zc. 14:4, Ele não apenas voltará da mesma maneira, mas até ao mesmo lugar.
"ESTARÃO OS SEUS PÉS SOBRE O MONTE DAS OLIVEIRAS."
Esta mensagem dos anjos foi dada aos apóstolos maravilhados algum tempo depois do próprio Senhor ter prometido que voltaria e os levaria para Si mesmo, porém, os anjos não disseram nada sobre os apóstolos serem "arrebatados", como muitos pensam que as palavras de João 14 significam. Tudo aqui ainda aponta para a Sua vinda à terra, do mesmo modo que a deixou.
Até mesmo Pentecostes não traz qualquer mudança quanto a isto, pois depois de Pentecostes encontramos Pedro a chamar Israel ao errependimento a fim do Cristo rejeitado poder voltar e trazer com Ele o há muito prometido "tempos do refrigério." A proposta é:
"ARREPENDEI-VOS... E VENHAM ASSIM OS TEMPOS DO REFRIGÉRIO... E ENVIE ELE A JESUS CRISTO, QUE JÁ DANTES VOS FOI PREGADO" (Act . 3:19-20).
Mesmo na sua primeira epístola, Pedro, o apóstolo da circuncisão, pede aos seus irmãos da dispersão para cingirem "os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e ESPERAI INTEIRAMENTE na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo" (I Pe. 1:13).
Somente quando chegamos à segunda epístola de Pedro o encontramos a explicar a ausência continuada do nosso Senhor.
Predizendo que zombadores viriam, tentar anular a realidade da vinda do Senhor (para julgar e reinar), Pedro explica que o Senhor ainda poderia permanecer ausente por tempo considerável. (Veja II Pe. 3:2-8). A razão?
"O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têem por tardia; mas é LONGÂNIMO para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se" (II Pe. 3:9).
Mas, onde é que Pedro aprendeu que o Senhor, em longanimidade, poderia adiar a Sua vinda para julgar os Seus inimigos?
Depois de dizer aos seus leitores que Deus não "retarda as Suas promessas", ele explica como eles devem considerar isto:
"E TENDE POR SALVAÇÃO A LONGANIMIDADE DE NOSSO SENHOR; COMO TAMBÉM O NOSSO AMADO IRMÃO PAULO VOS ESCREVEU, SEGUNDO A SABEDORIA QUE LHE FOI DADA;
FALANDO DISTO, COMO EM TODAS AS SUAS EPÍSTOLAS, ENTRE AS QUAIS HÁ PONTOS DIFÍCEIS DE ENTENDER, QUE OS INDOUTOS E INCONSTANTES TORCEM, E IGUALMENTE AS OUTRAS ESCRITURAS, PARA SUA PRÓPRIA PERDIÇÃO" (II Pe.3:15-16).
"Falando disto." De quê? Obviamente da longanimidade e graça que fez com que o nosso Senhor adiasse a Sua vinda para julgar.
O ministério de Pedro, então, tinha em vista a vinda do Senhor como Rei, enquanto que as epístolas de Paulo explicam o adiamento da Sua vinda para reinar.
A VINDA DE CRISTO E O MISTÉRIO
Paulo e Pedro não se opuseram nos seus ministérios. O de Paulo era simplesmente uma revelação adicional que Deus começou a tornar conhecida quando Ele começou a pôr de parte Israel e as suas esperanças do reino.
Assim como Pedro confirmou a mensagem de Paulo, Paulo também confirmou a de Pedro. Ele, como Pedro, acreditava que Jesus era o Cristo (o Ungido), e provou isto pelas Escrituras em muitas sinagogas. Ele também acreditava e ensinava que Cristo voltaria à terra para reinar em poder e glória.
Mas foi-lhe revelado que isto ainda não aconteceria (Hb. 2:8); que considerando os judeus e os gentios na incredulidade, Deus introduziria um período de graça, oferecendo a todos a reconciliação pela graça através da fé no sangue derramado da cruz.
"E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades" (Ef .2:16).
É esta nova dispensação que Deus deu a Paulo como surpresa total para um mundo arruinado pelo pecado.
PAULO E A VINDA DE CRISTO
O "mistério", ou segredo, "que desde os séculos esteve oculto em Deus" (Ef. 3:9), está centralizado em torno do "um novo homem", o "corpo de Cristo", mas muitos dos detalhes do grande mistério também eram mistérios individuais revelados apenas a Paulo e por seu intermédio. Em I Co.4:1, o apóstolo diz:
"QUE OS HOMENS NOS CONSIDEREM COMO MINISTROS DE CRISTO, E DISPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DE DEUS."
E a isto ele acrescenta, como se estivesse prevendo problemas e perseguições:
"ALÉM DISSO REQUER-SE NOS DISPENSEIROS QUE CADA UM SE ACHE FIEL."
Um desses mistérios é a dispensação (ou dispensar) da graça (Ef.3:1-3), outro, é a cegueira e endurecimento de Israel durante este período (Rm.11:25); um outro, a relação de Cristo com o Seu povo hoje (Ef.5:25-32), um outro, a nossa posição celestial em Cristo (Ef.1:9; 15-21); e ainda outro, o arrebatamento dos Seus antes do derramamento da Sua ira sobre as nações. Não é antes de Paulo, que lemos isto:
I Co.15:51-52: "Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados,
Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados."
I Ts.4:15-18: "Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor; que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem.
"Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.
"Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.
"Portanto, confortai-vos uns aos outros com estas palavras."
Alguns estão confusos porque estas passagens falam da "última trombeta" e "a voz do arcanjo." Eles associam a "última trombeta" com a última das sete trombetas a serem soadas na grande tribulação (Ap. 11:15-19) e argumentam de Dn. 12:1, que Miguel está associado com Israel, e não com o Corpo de Cristo.
É verdade que, enquanto Deus estava a lidar com Israel como nação, Miguel era o seu príncipe angélico, mas também precisa de ser observado que Miguel é o comandante dos exércitos celestiais, bem como Gabriel é o principal mensageiro de Deus. (Veja Dn. 10:13,21; 12:1 e Ap. 12:7-9). Por isso não é estranho que Miguel faça soar a trombeta de batalha a fim de nos dar passagem segura através dos principados e potestades nos lugares celestiais, para a presença de Deus.
Quanto à frase, "a última trombeta", aqueles que insistem que isto se deve referir à última das sete trombetas de Apocalipse esquecem-se de uma das regras básicas de interpretação bíblica: a revelação progressiva. Se I Coríntios 15 tivesse sido escrito depois de Apocalipse, poderíamos concordar que "a última trombeta" poderia referir-se à última das sete trombetas já mencionadas. Mas como está escrito, a "última trombeta" evidentemente significa simplesmente a trombeta a ser soada no fim, i.e., desta dispensação. Não há evidência de que quando Paulo escreveu aos coríntios, eles soubessem alguma coisa sobre as sete trombetas a serem soadas. Além disso, em I Ts. 4 esta mesma trombeta é chamada de "A TROMBETA DE DEUS", implicando que ela é distinta, não sendo meramente uma das sete trombetas. Também deve ser notado que não existe qualquer sugestão de que seja Miguel, o arcanjo, que segura a última das sete trombetas em Apocalipse. De facto, o anjo que segura aquela trombeta é simplesmente chamado de "o sétimo anjo", sendo de nível igual ao dos outros seis.
O Dia Da Sua Ira
Sabemos que a vinda de Cristo à terra consumará o dia da ira de Deus. Ele então virá connosco, porque lemos em Cl. 3:4 que:
"Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória."
Parece-nos que, para aparecermos com Ele em glória temos de primeiro chegar à glória de alguma forma. E chegaremos.
Somos embaixadores de Cristo num mundo que rejeita Cristo, e antes de Ele declarar guerra a este mundo, Ele chamará os Seus embaixadores.
Observe a mudança do "nós" para "eles" em I Ts. 4 e 5:
"Depois NÓS, os que FICARMOS vivos, SEREMOS arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim ESTAREMOS sempre com o Senhor.
"Portanto, CONSOLAI-VOS UNS AOS OUTROS COM ESTAS PALAVRAS" (I Ts. 4:17-18).
"Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva...
Pois, que, quando DISSEREM: Há paz e segurança; então LHES sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum ESCAPARÃO" (I Ts. 5:1-3).
E o próximo versículo continua, dizendo, "Mas VÓS, irmãos, já não ESTAIS em trevas, para que aquele dia VOS surpreenda como um ladrão."
O Sl. 2:5 diz das nações:
"ENTÃO LHES FALARÁ NA SUA IRA."
Mas I Ts. 5:9-11 diz de nós:
"PORQUE DEUS NÃO NOS DESTINOU PARA A IRA, MAS PARA A AQUISIÇÃO DA SALVAÇÃO, POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTO,
"QUE MORREU POR NÓS, PARA QUE, QUER VIGIEMOS, QUER DURMAMOS, VIVAMOS JUNTAMENTE COM ELE.
"PELO QUE EXORTAI-VOS UNS AOS OUTROS, E EDIFICAI-VOS UNS AOS OUTROS, COMO TAMBÉM O FAZEIS."
Que conforto saber que a nossa cidadania está nos céus, de onde esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, não somente para transformar estes corpos da nossa humilhação, mas também para nos chamar, Seus embaixadores, antes de Ele declarar guerra aos Seus inimigos.
Que esperança maravilhosa e confortante para os membros do Seu Corpo, mas para aqueles que rejeitam Cristo o apóstolo diz, pelo Espírito:
"Se alguém não ama ao Senhor Jesus Cristo, seja anátema (amaldiçoado); maranata (o nosso Senhor vem)" (I Co. 16:22).
Caro leitor, ao concluirmos estas mensagens, perguntamos – O leitor está salvo e seguro em Cristo? Regozija-se com a Palavra de "consolo" do Espírito ou está sob o "anátema" que Ele profere sobre todos os incrédulos?
O dia da graça pode terminar hoje.
"E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão... (EIS AQUI AGORA O TEMPO ACEITÁVEL, EIS AQUI AGORA O DIA DA SALVAÇÃO)" (II Co. 6:1-2).
Deus ama-o.
Cristo morreu por si.
"CRÊ NO SENHOR JESUS CRISTO E SERÁS SALVO" (At. 16:31).



