Todavia, há hoje não poucos estadistas que admitem que um governo humano melhor organizado é o remédio para os problemas mundiais. Parecem mesmo admitir que, provindo o crime e o vício da ignorância e da pobreza, a virtude pode brotar do conhecimento e da competência. A verdade, porém, é esta: a lei constitucional e estatutária não possui o elemento essencial que purifica a natureza humana. Tal poder não está dentro da província da lei, seja ela humana ou divina.
A Bíblia diz: "Ninguém será justificado diante d’Ele por obras da lei" (Romanos 3:20). E diz ainda: "Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne ... Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa ... condenou Deus, na carne, o pecado" (Romanos 8:3).
Todos concordamos em que uma forma de governo possa ser melhor que outra; mas, a verdade é que todas as formas de governo não conseguiram suprimir ou vencer o vício e fazer prevalecer a virtude. O Império Romano não se mostrou mais puro sob o eloquente Cícero do que sob o cruel Nero.
A História prova que, na sua origem, o vício, como a virtude, escapa ao alcance e domínio da lei civil; não obstante, vemos que ainda hoje muitos estadistas creem que o nosso tipo de democracia deve ser imposto a todas as nações da Terra e que ela será "a panaceia" para todos os males do mundo! Assim, temos ido até as nações pagãs, tentando ocidentalizá-las, embora não estejam preparadas para isso, buscando em vão vender-lhes a ideia de que o nosso sistema de leis é melhor que o delas.
A lei pode elevar a sociedade, mas não pode alcançar os princípios de onde nasce o nosso comportamento. Atrás das constituições, das leis, das administrações, deve estar um código moral que seja o poder e a glória de todos os governos humanos.
Naturalmente, creio que os Estados Unidos têm o mais elevado governo hoje existente na terra. Mas esse governo certamente se esboroará como um castelo de areia, uma vez desertado pelo sentimento moral do nosso povo. E esse nosso sentimento moral na nossa pátria provém do Cristianismo aceito e praticado na vida de cada dia. Desaparecendo esse Cristianismo, o sentimento moral que conforma o objetivo de nossa nação se extinguirá com ele.
Existem ainda peritos que acham que o remédio para acabar com o vício é um sistema universal de educação, Tal opinião tem de sustentar que o homem será puro e feliz pela cultura intelectual e pela tranquilidade mental.
Suponhamos seja a educação a resposta exata para todos os problemas que o homem tem a resolver. Desenvolvendo-se o intelecto ao máximo, obteremos a virtude?! A sabedoria não salvou do vício a Salomão, nem a Byron da imoralidade. A arte e a educação podem aprimorar o gosto, mas não podem purificar o coração, perdoar o pecado, nem regenerar o indivíduo.
O de que o mundo mais precisa hoje não é simplesmente de educação ou civilização, e sim de civilização de consciência iluminada; não tanto de vias férreas, de transatlânticos e de gigantescas corporações, e sim de corporações e navios livres de suborno e de corrupção de qualquer espécie.
Será bem melhor termos um mundo povoado de selvagens do que de demónios civilizados. É bem melhor o deserto bravio e inexplorado do que palácios de civilizados debochados e desavergonhados. É preferível o canibal dos mares do sul aos abutres civilizados das nossas cidades.
Estou eu condenando a nossa civilização? Devemos fugir dela? Não, apenas quero reformá-la pela regeneração. Queremos acabar com o suborno e pôr em seu lugar a honestidade; expulsar os preconceitos e pôr no seu lugar a Regra Áurea; eliminar a desumanidade e entronizar a misericórdia. E isso só se consegue mediante a aceitação de Jesus Cristo como Salvador pessoal da parte dos indivíduos que compõem a sociedade e o mundo.
Poderá dotar de escola pública e universidade cada cidade do seu país – e jamais conseguirá com a educação intelectual libertar sua pátria de uma moral precária e incolor. Não se pode chamar de educação a tudo quanto negligencie as faculdades mais importantes da natureza humana. Uma educação parcial neste nosso mundo é coisa bem pior que nenhuma educação, quando educamos apenas a mente e não a alma.
Tomemos ao acaso um indivíduo semi-instruído ou semi-erudito, coloquemos em suas mãos esses recursos inexauríveis da nossa comunidade, e vejamos o que ele faz, uma vez que não reconhece nenhum poder ou autoridade maior que a sua. Será um verdadeiro déspota, um perdulário, um monstro. O semi-instruído é muito mais perigoso que o de nenhuma educação ou instrução. É como uma possante locomotiva sem maquinista. É barco veloz sem bússola, sem piloto, sem rumo.
Pensar em civilizar os homens, sem convertê-los a Cristo, é coisa tão temerária como pensar em transformar lobos em cordeiros apenas por lavá-los e cobri-los com um manto de lã.