Que justiça é esta a que Jesus Se refere e deseja que busquemos, como o sedento busca água (cf. Ver.6)? A Bíblia ensina-nos que Deus é santo, reto e puro. Ele não pode tolerar a presença do pecado. Todavia, o homem escolheu desrespeitar as leis e ordens divinas. Disso resultou no homem ser chamado pecador. O pecado quebrou instantaneamente a sua comunhão com Deus. O homem tornou-se ímpio, transgressor, impuro e imundo aos olhos de Deus. Um Deus santo não pode ter comunhão com quem é impuro, pervertido e imoral. Portanto, o pecado quebrou a amizade com Deus. Na Bíblia o homem é-nos apresentado como alienado de Deus, inimigo de Deus, um pecador que está contra Deus. O único caminho pelo qual o homem pode de novo travar amizade com Deus e achar a felicidade pela qual suspira é procurar possuir uma retidão ou santidade que o recomende bem a Deus.
Muitos têm procurado emendar-se ou reformar-se para ganhar o favor de Deus. Outros mutilam os seus corpos e torturam-se, julgando que assim podem ganhar o favor de Deus ou merecimentos aos Seus santos olhos. Outros mais pensam que, fazendo penitências e vivendo uma vida bem moralizada, poderão justificar-se diante de Deus. Mas a Bíblia ensina-nos que toda a nossa justiça, ou retidão, – ficando aquém do que exige o padrão divino – não passa de trapos imundos aos santos olhos de Deus. Há, assim, uma impossibilidade absoluta: não podemos manufaturar a retidão, a santidade, ou a bondade que possam satisfazer a Deus. O melhor dos homens ainda é totalmente impuro aos olhos divinos.
Lembro-me de ter visto um dia a minha esposa lavar roupa. Dentro de casa as roupas pareciam muito limpas e brancas, mas, quando as colocou no estendal, pareciam sujas e manchadas em contraste com a neve que caíra, fazia pouco.
As nossas vidas podem parecer às vezes moralmente muito boas e mesmo decentes; mas, comparadas ou contrastadas com a santidade e pureza de Deus, são trapos sujos e cheios de manchas.
Apesar dos nossos pecados e impureza moral, Deus ama-nos. Ele resolveu prover uma retidão, ou justiça, para nós. Foi por essa razão que Ele nos deu o Seu Filho, Jesus Cristo, para morrer por nós na cruz.
Já pensou porque é que a cruz se tornou no símbolo do Cristianismo? Foi porque na cruz Jesus comprou a nossa redenção, ganhou e providenciou uma retidão, ou justiça, que não podíamos prover nem merecer. "… o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 6:23). Deus proveu, na base da fé, pela morte expiatória e ressurreição do Seu Filho Jesus, uma retidão, ou justiça, que é imputada a todos aqueles que a recebem.
Isto quer dizer que Deus perdoa todo o nosso passado de pecados e quedas e transgressões. Ele passa uma esponja no quadro negro em que estavam registados os nossos pecados e ingratidões. Ele toma os nossos pecados e lança-os nas profundezas do mar, e remove-os de nós tão longe quanto dista o oriente do ocidente.
O Deus Omnisciente possui essa capacidade única que o homem não tem: Ele tem a capacidade de perdoar. O Deus da graça esquece-Se dos nossos pecados e remove-os completa e eternamente, da Sua memória! E põe-nos diante da Sua divina presença como indivíduos que nunca cometeram um pecado sequer! Na linguagem teológica isso chama-se justificação. A Bíblia diz: "Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5:1).
Não nos é possível experimentar e gozar a verdadeira felicidade enquanto não estabelecermos essa amizade e comunhão com Deus. E essa comunhão com Deus só a podemos ter através da cruz do Seu Filho, Jesus Cristo. Deus diz-nos: "Eu perdoar- te-ei, mas só o farei aos pés da cruz." E diz ainda: "Terei comunhão contigo, mas tê-la-ei somente na cruz." Eis a razão por que nos é necessário ir à cruz, arrependidos dos nossos pecados e cheios de fé no Seu Filho, para podermos alcançar perdão e salvação.
A retidão, ou justiça, é algo que não possuímos como dom natural, e é um dom de Deus que deve ser recebido. É um pedaço do céu trazido à terra. A retidão do Deus-Homem é-nos imputada na justificação e na santificação, ao crermos em Jesus como nosso único Salvador.