A nudez do homem e a provisão de Deus


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... no caso de Adão e Eva, a descoberta da sua nudez foi seguida por um esforço próprio para a ocultar:
«... e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.»

     É este o primeiro relato que temos do esforço do homem para remediar, por seu próprio expediente, a sua condição; e a sua consideração atenciosa dar-nos-á não pouca instrução quanto ao verdadeiro carácter da religiosidade humana em todas as épocas. Em primeiro lugar, vemos, não só no caso de Adão, mas em todos os casos, que os esforços do homem para remediar a sua situação são baseados sobre o sentido da sua nudez. Ele está, claramente, nu, e todas as suas obras são o resultado de ser assim. Um tal esforço nunca poderá valer-nos. Devemos saber que estamos vestidos, antes de podermos fazer qualquer coisa agradável aos olhos de Deus.

     E esta, note-se, é a diferença entre a verdadeira Cristandade e a religião humana. Aquela é baseada sobre o facto do homem estar vestido; esta, sobre o facto de estar nu. A primeira tem como seu ponto de partida aquilo que a última tem como seu alvo. Tudo quanto um verdadeiro cristão faz é porque está vestido — perfeitamente vestido; tudo quanto o mero religioso faz é com o fim de se vestir. Nisto está a grande diferença. Quanto mais examinarmos o engenho da religião do homem, em todas as suas fases, tanto mais veremos a sua inteira insuficiência para remediar o seu estado, ou mesmo para satisfazer a sua compreensão desse estado. Pode ser muito bom por algum tempo. Pode servir enquanto a morte, o juízo, e a ira de Deus são vistos à distância, se é que são vistos de facto; mas quando um homem é chamado a enfrentar estas realidades, descobrirá em boa verdade, que a sua religião é uma cama muito curta para ele se poder estender e uma coberta muito estreita para se embrulhar.

     No momento em que Adão ouviu a voz do Senhor Deus, no jardim, «temeu», porque, como ele próprio confessou, «estava nu». Sim, nu embora tivesse sobre si o seu vestido. Portanto, é evidente que esse vestido nem sequer satisfazia a sua consciência. Tivesse a sua consciência sido divinamente satisfeita e ele não teria ficado assustado. «Se o nosso coração nos não condena, temos confiança para com Deus» (I João 3:20,21). Porém se até mesmo a consciência humana não pode achar repouso nos esforços religiosos do homem, quanto menos a santidade de Deus. O vestido de Adão não podia ocultá-lo dos olhos de Deus; e ele não podia estar na Sua presença nu; portanto fugiu para se esconder. É isto que a consciência fará sempre: obrigará o homem a esconder-se de Deus; e, além disso, tudo quanto a sua religião lhe pode oferecer é um esconderijo de Deus. É um recurso miserável, tanto mais quanto é certo que tem de encontrar-se com Deus, mais cedo ou mais tarde; e se não tiver nada mais salvo a consciência triste do que é, deve sentir-se assustado—sim, deve sentir-se miserável. Na verdade, nada é preciso, salvo o próprio inferno, para completar a miséria de todo aquele que sente que tem de se encontrar com Deus, e só conhece a sua própria incapacidade para comparecer perante Ele.

...

     Passemos agora rapidamente uma vista de olhos à verdade que nos é apresentada na provisão de túnicas que Deus fez para Adão e Eva. «E fez o Senhor Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles, e os vestiu». Aqui temos apresentada, em figura, a grande doutrina da justiça divina. A túnica que Deus fez era uma veste eficaz, porque era dada por Ele; do mesmo modo que o avental era uma veste ineficaz, porque era obra do homem.

     Além disso, a túnica de Deus era baseada no derramamento de sangue. O avental de Adão não o era. Assim também agora a justiça de Deus é revelada na cruz; a justiça do homem é mostrada nas obras, as obras manchadas de sangue, das suas próprias mãos. Quando Adão estava vestido com a túnica de peles não podia dizer que «estava nu», nem tão-pouco tinha motivo algum para se esconder. O pecador pode sentir-se perfeitamente em segurança, quando, pela fé, sabe que Deus o vestiu: mas achar descanso até então, só pode ser o resultado de presunção ou ignorância. Saber que a veste que uso, e na qual compareço na presença de Deus, é feita por Ele Próprio, deve dar perfeito descanso ao meu coração. Não pode haver descanso verdadeiro, perfeito, em coisa alguma mais.

Charles H. Mackintosh
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