As profecias estão a cumprir-se?

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     As profecias estão a cumprir-se? Quase todos os dias se ouve, ou lê, referências a acontecimentos como cumprimento das profecias bíblicas. 

     Muito se tem escrito e pregado com sensacionalismo sobre “os sinais dos tempos”.

     Enquanto provavelmente a maioria do povo de Deus ignore, as gerações mais velhas lembrar-se-ão, porventura, que há umas décadas atrás aconteceu o mesmo. As profecias estavam a “cumprir-se velozmente”.

     Kaiser, Estaline, Mussolini, Hitler, foram intercaladamente o Anticristo ou a Besta. O “império” expansionista de Mussolini era o “começo” do Império Romano Restaurado predito em Apocalipse, capítulos 13 e 17. O pacto de não-agressão Germano-Russo era o primeiro passo no “cumprimento” de Ezequiel 38. O levantamento do Japão levou os “peritos” em questões proféticas a apontar para o “cumprimento” de Apocalipse 16:12, pois o Eufrates não se secará para preparar o caminho aos exércitos do “oriente”, e não é a palavra “oriente”, neste versículo, literalmente “o nascer do sol”, idêntico ao significado de Japão, ou Nipon? Tivesse-se o Eufrates secado naqueles dias e uma enorme vaga de excitação e euforia inundaria os “peritos” da profecia!

     Porém, todos estes eventos, como “sinais dos tempos”, fracassaram. O Anticristo ainda não surgiu. O Kaiser, Estaline, Mussolini e Hitler, desapareceram todos do cenário, e passaram à história. Os Russos e os Alemães devoraram-se seis meses depois do pacto que fizeram ter iniciado o “cumprimento” dos eventos de Ezequiel 38! O Japão ergueu-se, apenas para cair de novo numa humilhante derrota.

     As profecias não se cumpriram e, devido a uma enorme falta de conhecimento basilar das Escrituras, os “peritos” proféticos puseram em causa a verdade de Deus. 

     Na presente dispensação da graça de Deus não se cumpriu, cumpre ou cumprirá, qualquer profecia 1; e todos os que hoje, como os de ontem, tentarem acasalar, e muitos são os que estão a tentar fazê-lo, os eventos hodiernos com as profecias, acabarão por cair igualmente no ridículo, e fomentarão perigosa e vergonhosamente o descrédito da verdade de Deus – as Escrituras.

     Citaremos apenas um exemplo da nossa história recente. Em Lucas 21:24 o Senhor declarou peremptoriamente que Jerusalém será “pisada pelos Gentios, ATÉ QUE OS TEMPOS DOS GENTIOS SE COMPLETEM”. Jerusalém deixou, de facto, de ser “pisada pelos Gentios” no dia 8 de Junho de 1967, quando os Israelitas tomaram posse dela numa admirável vitória, após terem estado desalojados dali durante mais de 1900 anos? Neste momento, de facto, quase 50 anos depois, eles continuam a controlar a cidade. Mas, isto quererá dizer que os Gentios já não pisam a cidade e “os tempos dos Gentios” chegaram ao fim e pertencem ao passado? É evidente que não, pois os tempos que correm ainda não são “os tempos dos Judeus”, apesar de uma intensa esperança de glória arder em cada coração Israelita. E quanto à cidade de Jerusalém ainda estar a ser pisda pelos Gentios, note-se o seguinte: JERUSALÉM CONTINUA A SER PISADA PELOS GENTIOS NO SÍTIO MAIS SAGRADO PARA OS JUDEUS EM JERUSALÉM, onde ficava o antigo templo, por existir nele duas mesquitas, chamadas mesquita de kubbet es-sahkra (domo da rocha) ou mesquita de omar e a mesquita de al-aqsa. Jerusalém continua a ser pisada pelos Gentios e, note-se, bem no próprio coração da cidade, na sua parte mais sagrada, a sua parte mais importante, que, assinale-se, para que a pisadura seja mais forte, tem o nome de Esplanada das Mesquitas.

     O que nos espanta é que os “peritos” hodiernos das profecias, que sempre explicam tudo o que de “evento profético” sucede, ainda não tenham conseguido dar uma explicação satisfatória deste acontecimento que secretamente os deve preocupar deveras.

     Esta profecia é, de longe, mais clara do que a de Ezequiel 38 ou as de Apocalipse 13 e 17, não é verdade? Ter-se-á o Senhor enganado? O que é que estará errado?

     A resposta a tudo isto é de novo a compreensão da verdade de O MISTÉRIO. O período que vivemos, chamado de “dispensação da graça de Deus”, ou mistério, está fora do alcance das profecias – fora, pois, da linha profética. É um período parentético que não foi dado a conhecer a nenhum profeta, nem revelado pelo Senhor, antes do apóstolo Paulo (Cf. Efé. 3:1-11; Col. 1:24-26; Rom. 16:25). O começo desta dispensação da graça parou, por assim dizer, o relógio profético, retomando este o seu curso normal só após o Arrebatamento da Igreja. Assim, tudo o que eventualmente ocorra no presente, pode aparentar ser um cumprimento profético, não o sendo de facto. Como disse bem, um dia, certo crente, “NÓS NÃO TEMOS NADA A VER COM OS SINAIS DOS TEMPOS, POIS ESTES NÃO SÃO OS TEMPOS DOS SINAIS”.

     A presente dispensação da graça cobre, então, um período parentético não previsto e muito menos aludido nas profecias, nem mesmo pelo Senhor Jesus enquanto esteve na Terra – “Eis aqui vos digo um MISTÉRIO” (1 Cor. 15:51) . Ademais, a vinda do Senhor para os Seus, no Arrebatamento, no fim da presente dispensação, não é precedida de qualquer sinal. A prova disso é vermos o Apóstolo Paulo esperar que o Senhor viesse a qualquer momento nos seus dias. Ele sabia que para o Senhor arrebatar a Igreja não tinha que se cumprir primeiro qualquer profecia. Paulo cria na iminência da vinda do Senhor. Ele esperava estar vivo quando o Senhor viesse arrebatar a Igreja – “… e NÓS (os que estivermos vivos), seremos transformados” (1 Cor. 15:52); “NÓS, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem” (1 Tes. 4:15). Quando as Escrituras falam dos sinais que precedem a vinda do Senhor, referem-se à Sua vinda à Terra, e não aos ares. A vinda do Senhor aos ares ocorrerá antes do período da “Grande Tribulação”, durante a qual os sinais voltarão a ocorrer como indicativos da proximidade da vinda do Senhor, como REI à Terra (Cf. 1 Tes. 4:15 – 5:10; 2 Tes. 2:1-5).

     Por conseguinte, a captura de Jerusalém pelos Israelitas em Junho de 1967, ocorreu durante um período não relacionado com os sinais proféticos. Teoricamente, os Árabes podem muito bem expulsar de novo os Israelitas sem que nenhuma profecia tenha sido violada, pois “os tempos dos sinais”, incluindo o retorno pré-milenar de Israel à Palestina e a reocupação de Jerusalém, não têm nada a ver com “o Mistério” – com a presente dispensação da graça de Deus - , mas com a profecia, com o tempo que se seguirá quando não um, mas todos os sinais do retorno de Cristo à Terra, se cumprirão num reduzíssimo espaço de tempo; alguns deles mesmo simultaneamente.

     A presente ocupação de Jerusalém por Israel, então, não é o cumprimento de qualquer profecia, não somente porque os tempos dos Gentios obviamente não se cumpriram, mas porque ocorreu durante esta “dispensação do mistério”, que é desprovida de sinais.

     As profecias NÃO estão, pois, a cumprir-se.

     O apóstolo Paulo e os seus contemporâneos já esperavam o Senhor nos seus dias. Se ainda se tivesse de cumprir qualquer profecia eles não O poderiam esperar como fizeram. Não pode falar da vinda IMINENTE  do Senhor aos ares para arrebatar os Seus quem, ao mesmo tempo, fala em sinais que precedem essa vinda. Tal é uma contradição facilmente detectada por qualquer mortal minimamente inteligente, e dá ocasião a que os descrentes tropecem, desdenhando das Escrituras.

     Neste presente dispensação da graça de Deus, ou do mistério, o crente deve guiar-se única e exclusivamente pelas Escrituras, e não por estas e sinais. “OS JUDEUS PEDEM SINAL” (1 Cor. 1:22) – não a Igreja, o Corpo de Cristo -; convém não esquecer.

     Nesta questiúncula verifica-se, uma vez mais, a confusão que muitos fazem entre Israel e a Igreja, entre o Seu povo terreno e o Seu povo celestial. Ao confundirem Israel com a Igreja, confundem também a vinda do Senhor para Israel – à Terra -, com a vinda do Senhor para a Igreja – aos ares; confundem a presença de sinais associados à primeira, com a ausência de sinais relativamente à segunda. A vinda do Senhor para a Igreja, então, não é precedida de sinais, ao contrário do que acontecerá com a vinda do Senhor para Israel.

     Não nos surpreende, pois, Paulo se preocupar tanto, já nos seus dias, com a possibilidade de os crentes ainda não terem “ouvido a dispensação da graça de Deus (Cf. Efé. 3: 2-10). De facto, é triste, passados cerca de dois mil anos constatarmos tanta ignorância, ignorando o que ele escreveu.

     Oh, que todos os crentes se possam inteirar do que é e do que abrange esta presente dispensação da graça de Deus, pois, de facto, “uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres” (1 Cor. 15:40)!
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1 Uma das provas de que nenhuma profecia se cumpre na atual dispensação da graça é o facto de a profecia de Joel (Joel 2:28-31; Cf. Atos 2:16-20), que começou a ser cumprida em Pentecostes, foi interrompida com a abertura do parêntesis da dispensação da graça de Deus e assim continuar suspensa até ao fecho do parêntesis da mesma com o Arrebatamento da Igreja. Desde Pentecostes que esta profecia está suspensa. Haveria melhor exemplo da ausência de cumprimeto de profecias hoje?

- Adaptado por C. M. O.

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