Nós não diminuímos o nosso Senhor, nem exaltamos o Apóstolo Paulo

     Acusam-nos que pretendemos dar a Paulo uma posição superior Cristo.

     Será verdade? Nem tudo o que parece é, como veremos.

     Quem é que disse que nós exaltamos Paulo em detrimento da Pessoa gloriosa do nosso Senhor Jesus Cristo?

 O que dizemos realmente?

     A glória da Pessoa gloriosa do nosso Senhor Jesus Cristo estava velada nos textos do Velho Testamento, nos tipos, figuras e sombras. A verdade da Trindade, ali, só é insinuada, inferida. Isto explica porque os Judeus insistem num Deus único, sem Filho algum. É verdade que no Salmo 40:7 lemos, "No princípio do Livro está escrito acerca de Mim". Mas quem seria o "Mim"? Só ficamos a saber depois no nosso Senhor ter vindo.

     Mesmo no Seu ministério na Terra, a glória da Sua Pessoa não é revelada, pois desde o Seu nascimento Ele sofreu humilhação. O estábulo, as faixas que O envolveram, a fadiga, a fome a sede são disso prova. Ele não tinha onde reclinar a cabeça, multidões humilharam-No, os líderes conspiraram contra Ele, Marta repreendeu-O, Pedro negou-O, Judas traiu-O. A Sua divindade estava velada na Sua humanidade, a Sua glória estava oculta sob a Sua pobreza.

     Após o Seu batismo na água Ele falou de um outro batismo; o da cruz, a que O sujeitaria à maior humilhação:

     “Importa, porém, que seja batizado com um certo batismo: e como Me angustio até que venha a cumprir-se!” (Lucas 12:50).

     Nós damos graças a Deus por não conhecermos mais Cristo segundo a carne.

     “Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido CRISTO SEGUNDO A CARNE, contudo AGORA JÁ O NÃO CONHECEMOS DESTE MODO” (2 Cor. 5:16).

     Mesmo na Sua ressurreição a Sua glória ainda estava velada, ou os Seus discípulos não O poderiam contemplar. Provavelmente, a maior manifestação da Sua glória, enquanto Ele esteve na Terra, ocorreu no monte da transfiguração quando, aquando do aparecimento de Moisés e Elias. Lemos que nessa altura “o Seu rosto resplandeceu como o sol, e os Seus vestidos se tornaram brancos como a luz” (Mat. 17:2). No entanto, e apesar disso, vemos Pedro ainda poder dizer, “Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias” (Mat. 17:4). O que Pedro viu no Senhor Jesus Cristo, apesar de glorioso, era compatível com o viver neste mundo.

Comparemos agora isto com a luz que mais tarde cegou Saulo, o Apóstolo Paulo, quando o Senhor já verdadeiramente glorificado lhe apareceu a caminho de Damasco:

“AO MEIO-DIA, ó rei, vi no caminho UMA LUZ DO CÉU, QUE EXCEDIA O ESPLENDOR DO SOL, cuja claridade me envolveu a mim e aos que iam comigo” (Atos 26:13-16).

Comparemos a frase “o Seu rosto resplandeceu como o sol” com a frase "UMA LUZ DO CÉU, QUE EXCEDIA O ESPLENDOR DO SOL".

Notemos que é Paulo que diz - ninguém antes de Paulo o disse:

“Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido CRISTO SEGUNDO A CARNE, contudo AGORA JÁ O NÃO CONHECEMOS DESTE MODO” (2 Cor. 5:16).

Na epístola aos Colossenses Paulo apresenta Cristo na Sua glória como nenhum dos demais escritores bíblicos O apresentam.

Paulo apresenta nesta carta Cristo como o Cabeça de toda a criação – não só da criação material, como de “todas as coisas …, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades” (Col. 1:15,16).

Paulo apresenta-O também como o Sustentador de tudo, pois “todas as coisas subsistem por Ele”.

Também O apresenta ali como “a Cabeça do corpo da igreja”, e o Senhor da morte (1:18).

Ali ele também declara que “em tudo” Ele tem “a preeminência” e que “foi do agrado do Pai que toda a plenitude n’Ele habitasse” (Col. 1:18,19).

Ali ainda, ele apresenta Cristo como o ÚNICO meio de reconciliação com Deus (Col. 1:20) e manifesta, revela, “as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é CRISTO EM VÓS [GENTIOS], A ESPERANÇA DA GLÓRIA” (Col. 1:27).

Ainda ali, ele apresenta-O como Aquele “Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Col. 2:3)., como Aquele em Quem “habita corporalmente TODA A PLENITUDE DA DIVINDADE”, em Quem o crente está gloriosamente “PERFEITO” (Col. 2:9,10).

Não admira que Paulo nos advirta para que ninguém nos “faça presa sua”, ou “julgue”, ou “domine” (Col. 2:8,16,18), PRIVANDO-NOS da APROPRIAÇÃO e GOZO da nossa posição e bênçãos em Cristo.

E apenas estamos no início da epístola de Paulo aos Colossenses!!! Ele aprofunda ainda mais a glória de Cristo nos demais capítulos e nas suas outras epístolas – uma glória, que como vimos EXCEDE O ESPLENDOR DO SOL.

Será, então, justo dizer que diminuímos a grandeza e a glória do Senhor Cristo ao insistirmos no caráter distinto, singular, único, do apostolado de Paulo?

Aos que ignorantemente supõem que as palavras de Cristo apenas se encontram no registo dos chamados Evangelhos, e que a chamada Grande Comissão contém as Suas últimas palavras, nós dizemos: atentem bem, leiam bem, estudem bem, e aprendam como as palavras mais importantes do Senhor Jesus Cristo foram proferidas por Ele do Céu ao Apóstolo Paulo e por sua instrumentalidade.

Na sua Primeira Epístola a Timóteo o Apóstolo Paulo diz, inspirado por Deus, DEPOIS DE ENSINAR Timóteo sobre o comportamento que “servos” e “senhores” devem ter uns para com os outros:

“…ISTO ENSINA E EXORTA.

“Se alguém ENSINA ALGUMA OUTRA DOUTRINA, e se não conforma com AS SÃS PALAVRAS DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, e com a doutrina que é segundo a piedade,

“É soberbo, e NADA SABE, MAS DELIRA  …” (1 Tim. 6:3.4).

“AS SÃS PALAVRAS DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO” eram claramente os ensinos que Paulo estava a dar.

Bem sabemos que Paulo terá que dizer também à generalidade da igreja hoje, o que ele teve de dizer aos carnais Coríntios:

“… não lhes perdoarei;

“Visto que buscais uma prova de Cristo que fala em mim …” (2 Cor. 13:2,3).

Paulo não disse muito claramente “que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor” (1 Cor. 14:37)?

Sim, a maior parte da igreja hoje ignora, ou quer ignorar, que o que Paulo escreve, o que ele ensina, não é da sua autoria, mas É CRISTO A FALAR NELE, que as sua palavras nas epístolas que escreve, são verdadeiramente as últimas palavras de Cristo.

NÃO!!! MIL VEZES NÃO!!! Nós NÃO diminuímos a Pessoa e a Glória do nosso Senhor Jesus Cristo ao reconhecermos o caráter distinto, singular, único, do ministério e apostolado de Paulo, mas PODEMOS TER A CERTEZA QUE DIMINUÍMOS A PESSOA E A GLÓRIA DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO SE NÃO RECONHECERMOS O CARÁTER DISTINTO, SINGULAR, ÚNICO, DO MINISTÉRIO E APOSTOLADO DE PAULO, uma vez que Paulo foi o vaso escolhido por Deus para revelar a Sua glória celestial, e por meio dele a nós. Se fizermos ouvidos moucos às suas palavras um dia teremos de dar contas disso a Quem o instruiu a dizer – leiamos bem, mas leiamos mesmo bem:

“Porque convosco falo, gentios, que, ENQUANTO FOR APÓSTOLO DOS GENTIOS, GLORIFICAREI O MEU MINISTÉRIO” (Romanos 11:13).

Oramos para que após esta explicação os que têm minimizado e desprezado o apostolado de Paulo, e as gloriosas verdades que ele foi enviado a proclamar, reconsiderem a tempo a sua posição errada e juntem-se a nós na “pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério” (Romanos 16:25). O Senhor e a Sua sobrexaltada glória bem o merecem.

- Adaptado por C.M.O.